"Só a tragédia de 1950 se compara ao silêncio sepulcral que envolveu o Mineirão em 05 de março de 1978, quando a grande equipe atleticana de Cerezo, Reinaldo, Paulo Isidoro, João Leite e Marcelo perdeu nos pênaltis o título que todos já consideravam seu, incluindo-se, às vezes parece, os próprios adversários são-paulinos. O time do Atlético jogou sem Reinaldo, suspenso num julgamento criminosa e maliciosamente marcado para a última semana do campeonato; foi empurrado pela torcida, mostrou-se muito superior ao São Paulo (como havia feito durante todo o campeonato em que acumulou 17 vitórias, 4 empates e nenhuma derrota), encurralou o adversário durante 120 minutos, mas o gol não saiu. O título foi perdido nos pênaltis, mesmo depois de duas grandes defesas de João Leite em cobranças são-paulinas. Ângelo, um dos craques do jovem time atleticano, deixou a partida quebrado por Neca e pisoteado por Chicão. Nunca mais seria o mesmo. O Galo, base da seleção brasileira de Osvaldo Brandão do ano anterior, saiu de campo vice-campeão invicto, 10 pontos à frente do campeão, com os 11 jogadores abraçados. A Massa recebia aí sua grande tarefa dos próximos anos: realizar o luto pelo enorme trauma. Começou a tarefa no domingo seguinte às 10 da manhã, levando legiões de bandeiras para uma amarga partida contra o Bahia no Mineirão. Nenhuma outra derrota de um favorito no Brasileirão se revestiria de tanta mística apaixonada. A partir daí a Massa acumularia 10 títulos mineiros em 12 anos. Veria o Galo vencer uma legião de torneios europeus (Paris, Amsterdã, Vigo, Bilbao, Ramón de Carranza) e realizar uma seqüência de campanhas sensacionais no Brasileirão, interrompidas na final ou semifinal em jogos fatídicos."
Por Idelber Avelar
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